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Como o empoderamento das mulheres pode ajudar a África Austral a combater as alterações climáticas

Uma agricultora do Zimbábue, Anna Chitiyo, examina sua plantação de milho atingida pela seca em Mutare. As plantas atrofiadas ilustram o impacto devastador do El Niño na agricultura e na segurança alimentar da região.

A colheita de milho de Anna, atrofiada pelo El Niño, ameaça seu sustento e o de milhões de outros no Zimbábue, alimentando uma crise alimentar cada vez mais profunda. Foto: Tanaka Chitsa/CARE

A colheita de milho de Anna, atrofiada pelo El Niño, ameaça seu sustento e o de milhões de outros no Zimbábue, alimentando uma crise alimentar cada vez mais profunda. Foto: Tanaka Chitsa/CARE

A África Austral está se recuperando da seca mais severa em um século, causada pelos efeitos extremos de curto prazo do El Niño e pelos efeitos implacáveis ​​de longo prazo das mudanças climáticas.

Em países como Zâmbia, Zimbábue e Malawi, as colheitas fracassaram, o gado e a vida selvagem estão morrendo, e a insegurança alimentar está colocando mais de 20 milhões de pessoas em risco.

Apesar da escala e do escopo desta crise, a comunidade internacional pode se unir para ajudar. Ações urgentes e estratégicas – ações que ajudem a empoderar organizações lideradas por mulheres em particular – são necessárias para abordar esses desafios terríveis, salvar vidas e construir comunidades mais resilientes, capazes de enfrentar emergências futuras. O momento de agir com urgência, deliberação e planejamento estratégico é agora.

Plantas de milho secas e murchas em solo arenoso
A seca na África Austral dizimou as colheitas e aumentou a insegurança alimentar em toda a região, como é evidente nesta foto onde as plantas de milho secaram em Cabo Delgado, Moçambique. Foto: CARE

Em toda a África Austral, a seca está causando estragos em comunidades, especialmente em áreas rurais onde mulheres e meninas suportam o peso do sofrimento. Com as fontes de água secando, as pessoas são forçadas a compartilhar o pouco que têm com os animais, aumentando o risco de doenças. Os campos ficam estéreis sob o sol implacável, levando à fome generalizada. As crianças estão fracas demais para levantar de manhã, e muitas famílias sobrevivem com uma única refeição por dia.

Esta seca não está apenas roubando comida e água das pessoas, mas também está tirando sua humanidade, saúde e esperança.

Mulheres e meninas estão particularmente em risco. À medida que viajam distâncias maiores para encontrar água, elas enfrentam riscos maiores de violência. Ao mesmo tempo, para obter comida, a suscetibilidade de recorrer a atividades como prostituição ou sexo transacional é alta, uma realidade sombria que foi documentada em crises passadas.

Reicco, uma mãe de cinco filhos de 56 anos e líder de 25 agricultores na aldeia de Sikalongo, Zâmbia, mostra suas plantações murchas. A seca El Niño em andamento devastou fazendas em todo o país. Foto: CARE Zambia

No Malawi, Zâmbia e Zimbábue, a seca prolongada levou a falhas completas na colheita. No Malawi, uma escassez crítica de milho elevou os preços às alturas, deixando 4.4 milhões de pessoas em crise. Na Zâmbia, 9 milhões de pessoas em 84 distritos já estão lidando com as duras consequências deste desastre. No Zimbábue, pelo menos 2.7 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar, embora o número real seja provavelmente maior. As regiões sul e central de Moçambique também estão sofrendo, com chuvas abaixo da média atrasando a estação chuvosa e agravando as condições de seca.

Mais de 565,000 pessoas nas províncias de Inhambane e Gaza correm risco de insegurança alimentar grave. Mesmo em Madagascar, onde as chuvas dos ciclones Alvaro e Gamane proporcionaram um breve alívio, a perspectiva é sombria, com mais de 262,000 crianças menores de cinco anos enfrentando desnutrição aguda.

Empoderar organizações lideradas por mulheres é uma das chaves para construir resiliência em regiões da África Austral atingidas pela seca. Foto: CARE

Apoiar organizações lideradas por mulheres e Plataformas de Parceria Humanitária é essencial para atender às necessidades em nível comunitário e mitigar os riscos de violência contra mulheres e meninas exacerbados pela crise da fome. Precisamos nos concentrar em ajudar as comunidades a se tornarem mais resilientes, especialmente empoderando mulheres e meninas. Isso inclui programas como a Climate-Smart Agriculture, que mostraram ótimos resultados em ajudar as pessoas a se adaptarem às mudanças e criar um futuro mais igualitário. A situação na África Austral exige ação urgente de governos, organizações humanitárias e parceiros internacionais. Ao abordar lacunas de financiamento, priorizar o financiamento direto e flexível, melhorar o acesso a fundos e simplificar os mecanismos de financiamento, podemos fornecer assistência que salva vidas, restaurar serviços essenciais e estabelecer as bases para resiliência e recuperação.

Empoderar mulheres e meninas não é apenas um imperativo moral; é uma estratégia prática para construir resiliência.

A situação na África Austral exige ação urgente de governos, organizações humanitárias e parceiros internacionais. As lacunas de financiamento devem ser abordadas, e os doadores devem priorizar o financiamento direto e flexível que pode atingir os mais necessitados. Ao melhorar o acesso a fundos para atores locais e ONGs internacionais com fortes laços comunitários, podemos garantir que a assistência que salva vidas seja entregue onde é mais necessária.

Na árida região centro-sul do Zimbábue, um poço e jardim comunitário movidos a energia solar, estabelecido pela comunidade local com o apoio do projeto Takunda financiado pela USAID, liderado pela CARE Zimbábue, tem sido fundamental para mitigar os efeitos dessas secas recorrentes. Foto: Tanaka Chitsa/CARE

O financiamento imediato é essencial para evitar que a crise se aprofunde. A alocação oportuna e estratégica de recursos é essencial para cobrir todos os setores e regiões no Plano de Resposta Humanitária da África Austral. Os doadores devem se comprometer a fornecer financiamento adicional que seja previsível, multianual e flexível. Isso permitirá que os atores humanitários não apenas abordem as necessidades mais urgentes, mas também restaurem serviços essenciais e estabeleçam as bases para a resiliência e recuperação de longo prazo.

Iniciativas bem-sucedidas como a USAID Projeto Takunda no Zimbábue e o projeto Community-Based Adaptation: Scaling up Community Action for Livelihoods and Ecosystems in Southern Africa and Beyond (CBA-SCALE Southern Africa+) em Moçambique, Zâmbia e Zimbábue oferecem modelos de como as estratégias de resiliência podem efetivamente lidar com os impactos do El Niño. Esses programas se concentram em melhorar as práticas agrícolas, a gestão de recursos naturais e as estratégias de adaptação lideradas pela comunidade, desempenhando um papel crucial na mitigação dos desafios relacionados ao clima e na promoção do desenvolvimento sustentável.

O mundo não pode ficar parado enquanto milhões na África Austral enfrentam a realidade sombria da fome e do desespero. Vamos nos unir, enfrentar a crise e evitar mais devastação. Vamos dar à esperança uma chance de florescer novamente na África Austral.

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