“Eu não queria ir embora, mas estávamos com muito medo. Houve muita luta e tiros ao nosso redor”, reflete Tatiana Yevhenivina, 36, sobre o dia em que sua família decidiu fugir de sua casa em Chernihiv, no nordeste da Ucrânia. Eles foram embora, embora Tatiana estivesse grávida de nove meses. A caminho de Kyiv, a capital distante 142 quilômetros, eles precisavam verificar com os voluntários se a rota era segura o suficiente e onde poderiam dormir com dez pessoas durante o toque de recolher.
“Todos os dias na estrada eu tinha medo de que o bebê viesse. Tínhamos alguns remédios e lençóis limpos conosco e, embora meu marido não seja médico ou parteira, ele estava pronto para me apoiar”, diz Tatiana.
Em uma pequena cidade nos arredores de Kyiv, eles encontraram um hospital. Todos os pacientes já haviam saído, mas uma pequena equipe de médicos e enfermeiros ainda estava lá.
“Eu estava sozinho em um quarto escuro no hospital. Alarmes aéreos e explosões me assustaram muito. Toda vez que uma porta se fechava, eu achava que alguém estava atirando”, continua Tatiana.
Às 8h daquela noite, Tatiana deu à luz sua nona filha.
“Um parto seguro não é algo garantido em nenhum lugar”, observa Siobhán Foran, Coordenadora Regional de Gênero em Emergências da CARE. “Mas na Ucrânia, as mulheres grávidas muitas vezes nem sabem se vão receber algum cuidado, nem se os lugares que planejam dar à luz estarão a salvo de combates”.